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Equipe ACIC
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3 vezes em que a sucessão familiar impulsionou um negócio

Embora o processo de transição seja um desafio na gestão da maioria das empresas, muitos exemplos mostram que empreender em família pode ser inspirador e lucrativo. Fonte: JORNAL DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Walmart, Nike,TAM, Itaú Unibanco... quem vê a potência dessas empresas nos dias de hoje talvez não imagine que tudo começou pequeno e planejado em família.

Uma pesquisa realizada pela PwC revelou que, no mundo todo, somente 12% das empresas familiares chegam à terceira geração. No Brasil, esse número é ainda menor. Atualmente, 90% das empresas brasileiras são familiares (porcentagem que representa aproximadamente 7 milhões de empresas no país). Dessas, apenas 30% chegam à segunda geração e somente 5% chegam à terceira.

A partir desses números fica claro que o processo de transição é um desafio na gestão das empresas. Ainda assim, muitos exemplos mostram que empreender em família pode ser inspirador e lucrativo. Veja alguns exemplos que deram certo: 

RESTAURANTE JANGADA

Há dez anos, Felipe Lopes assumiu o restaurante Jangada, em Mogi Guaçu, no interior paulista, com o objetivo de reconduzi-lo ao topo. Hoje, a rede com três unidades fatura mais de R$ 3 milhões por mês

Aberto há 56 anos, o restaurante Jangada abriu as portas em Mogi Guaçu, a 160 quilômetros de São Paulo. Construído às margens do rio que dá nome à cidade, o estabelecimento tinha como proposta oferecer o melhor da culinária caiçara em um espaço para 150 pessoas.

Felipe ainda era um menino quando acompanhava de perto o sucesso de seu pai, Antônio Lopes, e outros dois sócios. Ainda que sem um olhar crítico sobre o negócio, o filho recorda que gostava de conversar com os funcionários, saber qual era a função de cada um e também como tudo funcionava ali dentro.

"Observava que havia muita coisa errada, que o restaurante não acompanhava a evolução do mercado. O que estava no auge na década de 1990, já era decadente nos anos 2000".

Em 2009, com a saída de dois sócios, Antônio se tornou o único proprietário do Jangada, que estava avaliado em aproximadamente R$ 500 mil. Foi quando Felipe decidiu adiar os planos de começar uma faculdade, e passou a ajudar o pai nos negócios da família.

Os problemas iam desde infraestrutura e falta de dinheiro no caixa, passavam por equipamentos ultrapassados, e resultavam em uma equipe desmotivada.

No primeiro ano em que dividiu a administração com seu pai, Felipe constatou que o faturamento médio mensal de R$ 200 mil, e o movimento de dois mil clientes por mês, estavam muito abaixo do potencial do negócio - que hoje supera a receita de R$ 1 milhão por mês.

A primeira decisão de Felipe foi melhorar o atendimento - a única questão que poderia ser resolvida sem dinheiro. Dessa forma, ele passou a atender pessoalmente a cada um que chegasse ao Jangada.

E aproveitava o momento para contar que o estabelecimento estava passando por algumas modificações, e que críticas eram bem-vindas. O próximo passo foi passar semanas provando tudo o que a casa oferecia no cardápio - quatro tipos de peixe e um de camarão. Enquanto comia, Felipe percebeu que não havia um padrão na qualidade da comida.

A falta de intimidade com a cozinha era outro item que o incomodava. Matriculou-se em um curso de gastronomia. Em pouco tempo, já começou a produzir algumas receitas e incluiu novidades no cardápio.

Em quatro meses, o número de clientes atendidos dobrou, e o tíquete médio da loja subiu de R$ 45 para R$ 70. Felipe acreditava ser o momento de, finalmente, reformar e aumentar o espaço.

Conseguiu um empréstimo no banco e a reforma atraiu ainda mais clientes, que em um ano permitiram o retorno do que havia investido, além de liquidar todas as dívidas da casa.

Felipe tinha mais um plano: transformar o Jangada em uma rede especializada em frutos do mar. O desejo era levar a marca para Campinas, e testar o modelo do negócio na principal cidade do interior do Estado, onde há também maior concorrência, e um público mais exigente. 

Hoje, são oito unidades em cidades como Santo André, Ribeirão Preto, Piracicaba e Riviera de São Lourenço. A ideia é, futuramente, seguir uma estratégia similar a utilizada pelo Outback, em que os próprios funcionários são preparados para assumir uma loja, em sociedade com os fundadores.

RESTAURANTE MOCOTÓ

Depois que José Oliveira de Almeida chegou a São Paulo, em 1963, vindo de Mulungu, um pequeno vilarejo do sertão pernambucano, precisou de dez anos para começar seu primeiro negócio, na Vila Medeiros.

Ali, montou em 1973, junto com dois irmãos, uma espécie de empório que, um ano depois, ganharia a companhia do bar Mocotó, nome herdado do famoso caldo de mocotó servido ali.

Habituado a acompanhar o dia a dia do negócio que o pai administrava, Rodrigo Oliveira estudou engenharia ambiental e, mais tarde, gastronomia.

No segundo curso teve contato com grandes cozinhas do mundo, ingredientes diferentes e novas técnicas culinárias, além de estagiar com chefs renomados. Uma experiência que lhe fez repensar a forma como seu pai lidava com o bar da família.

Ao assumi-lo em 2004, mudou as receitas e reorganizou o restaurante. A partir daí, o Mocotó atingiu outro patamar e passou a ser comparado a outros nomes do sofisticado mundo gastronômico, chamou a atenção da imprensa e atraiu um público amplo. 

Além de registrar todos os 54 funcionários e respeitar o expediente, Rodrigo aprimorou os cuidados que o pai já dispensava à equipe. Manteve o hábito de só contratar conhecidos e de fazer todos começarem pelos cargos mais baixos. Mas passou a oferecer treinamento, melhorou a remuneração fixa e instituiu a divisão igualitária dos 10% pagos pelos clientes.

Hoje, o restaurante é um dos estabelecimentos de maior sucesso do país.

TRAMONTINA

A história da Tramontina começou em 1911, quando Valentin Tramontina, filho de imigrantes italianos saiu de Santa Bárbara, no Rio Grande do Sul, e se mudou para a cidade de Carlos Barbosa, também no interior gaúcho, para montar seu negócio próprio, a ferraria Tramontina.

Durante quase 40 anos, a famosa marca de utensílios se manteve como uma pequena oficina montada em um terreno alugado. Em 1939, Valentin morreu e sua mulher, Elisa De Cecco Tramontina, assumiu a empresa.

Dez anos mais tarde, o primeiro filho do casal deu início a história de sucessão. Seguindo os passos do pai, Ivo Tramontina passou a comandar o negócio, junto com seu amigo Ruy Scomazzon.

Nas décadas seguintes, a dupla foi responsável por expandir o empreendimento e levar a Tramontina para cerca de 120 países.

O legado familiar segue até hoje. Clóvis Tramontina, filho de Ivo, deu sequência aos negócios, assumindo, em 1992, a presidência da companhia com a missão de preservar a liderança nacional da marca e toda a tradição criada pelo avô na antiga oficina que, agora, mantém mais de 7 mil funcionários.


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