- , 26 de Julho de 2023
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Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.
A intuição e o empreendedorismo
O empreendedorismo, é algo almejado por muitos; mas um dos maiores desafios nessa aventura é vislumbrar o que realmente vai romper barreiras, vai superar a situação atual de forma surpreendente.
O empreendedorismo, ou seja, a criação de um negócio que vai se tornar uma empresa, é algo almejado por muitos; mas um dos maiores desafios nessa aventura é vislumbrar o que realmente vai romper barreiras, vai superar a situação atual de forma surpreendente.
Nesse momento entramos no mundo das ideias, daquilo que não vemos, mas percebemos. E, nesse momento, dependemos da intuição, de perceber, deduzir ou concluir (algo) por intuição, sem recorrer ao raciocínio [lógico]. Mas de certa forma, temos muitos empreendedores intuindo diariamente e muitos deles na direção certa – intuindo ou mesmo vislumbrando algo novo surpreendente e colocando essas ideias em prática por meio de um produto ou serviço.
Por outro lado, ter uma ideia e colocar essa ideia em prática não atinge os objetivos. Há muitas ideias - boas, ótimas, excelentes - que acabam naufragando no caminho. Então, como pode uma ideia boa naufragar? Algo além do campo das ideias, além do campo da intuição, não foi bem cuidado, não foi bem considerado ou mesmo estudado.
Neste momento, entram em cena os opostos extremos: a intuição versus a razão! Intuir nos parece o ponto inicial de uma ideia para um negócio – pensar na necessidade do ser humano, se em relação a um problema ou desejo, ou até mesmo em desenvolver e estimular um desejo latente no ser humano, na sociedade.
Mas quando vemos alguns insucessos, seja na concepção de um novo produto ou serviço, seja num novo modelo de negócio ou até mesmo na expansão de uma atividade consolidada, precisamos sempre de um pouco de razão para uma boa validação das nossas ideias, da nossa intuição!
Tomemos por um momento os famosos aplicativos, sejam de celulares, tablets ou mesmo de computadores; é enorme a infinidade dessas facilidades que não funcionam, há muitos que não se integram, não interagem. Nas interações por chats é onde vemos o maior número de comunicações confusas e desfocadas. Poderíamos citar aqui vários exemplos, o que não precisamos fazer, pois provavelmente cada um de nós já se deparou com essas inconsistências e ficou surpreso.
Há dois conceitos que podemos trazer à mente nesses momentos em que novos negócios apresentam dificuldade para decolar.
O primeiro conceito pode ser chamado de “limite” – o ponto de entrada do indivíduo no processo. Essa entrada (ou saída) pode ser eletrônica ou física, e precisa ser cuidadosamente pensada. Tomemos como exemplo a explicação sobre as portas de saída de emergência que dizem ..."devem abrir no sentido de trânsito de saída”. Nos parece óbvio esse comentário! Mas muitas vezes, principalmente nos aplicativos, esses conceitos óbvios do comportamento humano não são adotados e o ponto limite, seja de entrada ou saída, se torna muito trabalhoso e - depois disso - o eventual cliente desiste.
O segundo conceito pode ser chamado de “acompanhamento do processo” – o trânsito do indivíduo dentro de todo processo. Esse trânsito precisa ser percorrido e testado várias vezes, inclusive com alternativas fora do contexto para assegurar o apropriado funcionamento. As falhas mais comuns que temos visto são os aplicativos que se propõem a resolver todos os problemas da humanidade e não interagem, nem integram, com a base central. Ou ainda, para complicar mais o uso, têm um visual completamente diferente nas diversas formas, causando dúvidas ao cliente-usuário que finalmente volta a reclamar com o fornecedor principal.
O empreendedor que intui precisa ter seu próprio procedimento de validação do produto ou serviço criado. Impossível não lembrar da forma como Steve Jobs e Jony Ive usavam para verificar os novos modelos e funcionalidades dos equipamentos. No livro escrito por Walter Isaacson, ele cita os comentários de Ive que, num trecho, diz: “boa parte do processo de design [que aqui pode ser de um produto ou serviço] é conversa, um vaivém enquanto andamos de mesa em mesa e mexemos nos modelos.
Ele [Jobs] não gosta de examinar desenhos complexos. Prefere ver e sentir o modelo. Tem razão. Fico surpreso [Ive] quando fazemos um modelo e nos damos conta de que é uma porcaria, muito embora, baseado nos desenhos de CAD (computer-aided design), parecesse ótimo.”
Nesse momento vemos como é da maior importância que o empreendedor que intui tenha seu próprio procedimento de validação do produto ou serviço criado. Somente assim, a sua intuição poderá ser previamente validada para que o empreendimento tenha o sucesso almejado.