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Jarib B D Fogaça
Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.

As normas de sustentabilidade e seus impactos econômicos

Novas normativas globais climáticas, como o CBAM da União Europeia, estão redefinindo o comércio e a competitividade, exigindo que empresas se adaptem aos critérios de ESG e emissões de carbono.

Com o título “The Economics of ESG”, ou Os [indicadores] econômicos de ESG, o professor Karl Schmedders, PhD do IMD, uma escola de negócios baseada em Lausanne, na Suíça, fez sua apresentação em agosto de 2024, em São Paulo.

Sem dúvida, uma apresentação rica em detalhes que vamos tomar como base para uma rápida reflexão a seguir.

De início observamos que os fluxos de capitais destinados ao ESG, após uma escalada até os anos de 2020 e 2021, têm desde então tido uma redução significativa de aportes a ponto de o jornal Financial Times reportar, em junho de 2024, uma matéria com o título: “Investors pull cash from ESG funds as performance lags” (Investidores retiram dinheiro de fundos ESG à medida que o desempenho cai).

Adicionalmente, em uma pesquisa do IMD se percebeu que entre as principais tendências de preocupações com os negócios, o ESG aparece em 6º lugar, bem pequeno no espectro de relevância. Temas como recessão global, inflação, conflitos, cadeia de suprimentos e trabalho remoto aparecem antes e com maior relevância de preocupação.

Então surge a questão: será que o ESG está perdendo a importância? Provavelmente não, apenas está se integrando de forma mais profunda e contínua na rotina política e econômica das regiões geográficas, países, empresas e demais organizações. E o foco passa a ser o que o professor chama, a partir de seus estudos, e destaca como sendo os “Riscos de Transição”.

Nesse sentido, de risco de transição, o relatório final da força-tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima [TCFD - comissionado pelo FSB/G20] reporta como segue:

“A transição para uma economia de baixo carbono pode implicar extensas mudanças de políticas [públicas, privadas etc.], jurídicas, tecnológicas e de mercado para atender aos requisitos de mitigação e adaptação relacionados às mudanças climáticas. Dependendo da natureza, velocidade e foco destas mudanças, os riscos de transição podem representar diferentes níveis de risco financeiro e de reputação para as organizações”.

O relatório final estruturou, ainda, suas recomendações quanto aos “Elementos Fundamentais das Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima”. Essas recomendações se resumem em torno de quatro áreas temáticas que representam elementos de como as organizações operam: governança, estratégia, gestão de riscos, e métricas e metas.

As quatro recomendações globais são apoiadas por recomendações de divulgações que constroem a estrutura com informações que ajudarão os investidores e outros a compreender como as organizações relatoras avaliam os riscos e oportunidades relacionados ao clima.

E toda essa discussão climática tem gerado impactos diretos nas empresas e na sociedade. Como já mencionamos anteriormente em outro artigo, em junho de 2023, o ISSB - International Sustainability Standards Board - emitiu as normas e padrões inaugurais de divulgação de sustentabilidade global - IFRS S1 e IFRS S2, começando assim, uma nova era de divulgações relacionadas com a sustentabilidade nos mercados de capitais em todo o mundo. E o Brasil já está alinhado com essa evolução, pois a CVM lançou, em outubro de 2023, uma resolução para adotar indicadores claros e comparáveis em práticas sustentáveis de empresas que acessam o mercado de capitais.

E essas normativas vão além da simples divulgação: a Comunidade Europeia - UE criou e está implementando o Mecanismo de Ajuste de Carbono Fronteiriço da UE (CBAM). Com o novo direcionamento, no futuro, as empresas terão de pagar impostos de importação mais elevados sobre bens com elevados valores de emissões de carbono.

Com o chamado CBAM, as questões de ESG e climáticas vão além das divulgações, passam a impactar os negócios de forma direta e objetiva. Seria o CBAM bom ou ruim para o Brasil, e ainda, seria esse mecanismo uma oportunidade ou risco para as empresas e para os negócios brasileiros, principalmente associados à exportação para União Europeia?

As questões climáticas, ecológicas, de baixo carbono, sem dúvida, passarão a impactar diretamente os negócios. As empresas e os países, e suas próprias políticas econômicas, precisarão se adaptar não somente em atrair investimentos, mas também em preparar as empresas nacionais para poderem exportar em conformidade com essas novas normas tais como o CBAM da Comunidade Europeia.


Jarib B D Fogaça| Normas-de-Sustentabilidade, Discussão-Climática, Emissões-de-Carbono, Impactos-Econômicos, Comércio, Empresas

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