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Eduardo Vilas Bôas
Eduardo Vilas Bôas
Professor, consultor, blogger e editor do MMdaMODA

Como utilizar corretamente as tendências no varejo de moda?

Não precisa nem trabalhar com moda para saber que esse mercado é regido pelas aclamadas tendências. Elas, no entanto, nem sempre existiram. Surgiram, na verdade, como uma tentativa de “direcionar” o gosto da população e, assim, conseguir-se produzir peças em larga escala com menor chances de encalhe no ponto de venda.

A sistematização das tendências por estações climáticas tem sua origem a partir de 1955, na França, com a instituição do Comitê de Coordenação das Indústrias de Moda (CIM), responsável por fornecer a toda cadeia têxtil informações precisas sobre tendências.

De lá para cá, algumas coisas mudaram, isso é fato, mas ainda estamos reféns desses ciclos de tendências, já que orientam muitas etapas anteriores a criação, como a indústria de pigmentos e a indústria têxtil. 

Você, varejista de moda, já deve ter notado que as tendências quase sempre aparecem em quatro blocos temáticos e, já pode ter tido aquela sensação de que TUDO será moda, já que que cada bloco temático congrega amplas e divergentes informações.

Mas calma, apesar do excesso de tendências que são apontadas pelas empresas que pesquisam e compilam essas informações, nem todas serão úteis para o seu negócio. Isso porque cada bloco temático é direcionado para um perfil de público consumidor e a população brasileira pode ser compreendida em quatro grandes grupos de gosto.

Frequentemente participo dos seminários de tendências promovidos pela empresa Tendere | Pesquisa de Tendências e Soluções em Negócios de Moda, a qual utiliza em seu método de pesquisa um referencial organizativo das tribos urbanas de acordo com o seu life style, isto é, o que e como se vestem, o que leem, os lugares que frequentam, as músicas que ouvem etc. Assim, a metodologia da Tendere privilegia a análise de quatro grupos responsáveis pela formação do gosto regional, chamados de Tropical Pop, Karioka, Latino Urbano e Sofisticado. 

Tropical Pop: grupo formado pelas camadas mais populares dos países do Hemisfério Sul que misturam elementos globais com referências locais muito pungentes. Tem manifestações diferentes de acordo com cada região, mas são de forma geral exuberantes. São pessoas que não tem medo do excesso, que se assumem e têm orgulho de ser como são. Agrupam-se aqui as “piriguetes” com toda sua sensualidade exacerbada. Nesse grupo as mulheres não têm medo de estampas e gostam de muitos acessórios.

Karioka: é o grupo que reflete o modo como o estrangeiro vê o brasileiro. É um life style que também pode aflorar em quem mora em cidades grandes e que não são necessariamente litorâneas. É extremamente casual, gosta de usar roupas confortáveis e é o estilo mais forte no Brasil. São pessoas que gostam de moda e conseguem ser elegantes mesmo usando rasteirinha e vestidão. O contato com a natureza é fundamental, por isso, nas estampas gostam de folhagens, cores contrastantes e tudo que represente um lado intimista que mostre sua vivência com a natureza. 

Latino Urbano: são pessoas que vivenciam a realidade do universo. O uso de cor em seu look é pontual, como nos acessórios ou em alguns detalhes da roupa. Adoram moda, porém são mais contidos na adesão. São moradores de cidades conurbadas e gostam de mostrar que são sofisticados. 

Sofisticado: são pessoas atentas a arte, música, dança, design, espetáculos e fascinadas por tecnologia. É um grupo menor, mas altamente qualitativo: pagam caro em suas roupas, gostam de peças simétricas e monocromáticas e são pouco adeptos de estampas. Amam viajar (cidadão do mundo) e de mostrar que são pessoas a descoladas e atualizadas. 

Se uma marca não deve vender tudo para todo mundo, certamente sua empresa tem como público-alvo um ou dois desses grupos citados. Logo, ao identificá-los, você terá muito mais assertividade na escolha dos produtos a serem comercializados. 


Eduardo Vilas Bôas| Tendências, Moda, Varejo, Coluna, ACIC, acicampinas, Campinas, Tendência

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