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Jarib B D Fogaça
Jarib B D Fogaça
Sócio na JFogaça Assessoria e conselheiro independente.

Um desafio à produtividade

Embora o Brasil tenha uma economia robusta, focar apenas na produtividade em setores maduros pode limitar o crescimento; a inovação em novas indústrias e áreas tecnológicas é fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico

Não é recente a discussão da produtividade, ou a falta dela, no Brasil.

Há mais de cinco anos um artigo intitulado “Produtividade turbinada sem exaustão!” já debatia sobre a produtividade e como ser mais produtivo sem produzir exaustivamente.

Os autores discutiam, principalmente, o risco de exaustão das pessoas, dos funcionários, nessa busca de produtividade. Uma procura por se produzir cada vez mais que podia levar as pessoas a uma exaustão e várias outras consequências. Além disso, tem que ser considerada a potencial exaustão das máquinas e equipamentos e os riscos derivados dessa situação.

Entretanto, há um primeiro fator que nem sempre é considerado. O Brasil é um país continental, primariamente com uma economia gerada por recursos naturais e certa industrialização sobre esses recursos. Notamos que apenas certa ou parcial industrialização das riquezas ocorre no Brasil, pois em grande parte do que temos são as exportações não industrializadas.

No dia 5 de janeiro de 2024, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou o relatório mensal elaborado pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) sobre a Balança Comercial Brasileira, referente a 2023. De acordo com o documento, as exportações no ano de 2023 foram de 339,7 bilhões de dólares.

O relatório apontou ainda que o setor agropecuário respondeu por 24% das exportações brasileiras, somando 81,5 bilhões de dólares em 2023. Os itens mais exportados foram: soja, com 15,6% de participação; óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (12,52%); minério de ferro e seus concentrados (8,98%).

Em continuidade, há então um segundo fator que nem sempre é considerado na produtividade: a realidade geográfica e logística do Brasil. Um país de grandes dimensões geográficas e populacional, e que precisa de uma logística moderna e eficiente.

Em matéria recente nos meios de comunicação, a reportagem destacava que a infraestrutura logística no Brasil adquiriu, ao longo dos anos, um protagonismo cada vez maior. Esse é um fator crucial para o crescimento e a melhoria da produtividade e competitividade do país.

Entretanto, há, sim, uma crescente melhoria de produtividade e eficiência no Brasil. Sempre citamos o exemplo do agronegócio, que se modernizou e se tornou extremamente eficiente e produtivo, mas também há outros setores da economia em que esse cenário pode ser observado, com a tal melhoria de produtividade.

Mas neste momento talvez precisemos buscar um novo olhar sobre esse tema; podemos nos valer, por exemplo, de escritos de um bom tempo atrás – Stephen R Covey e os “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”! que, logo no início do livro, o autor já propõe que um dos desafios que temos em nossa vida pessoal e profissional é a mudança de paradigma, tendo em mente que, em sentido geral, paradigma é a maneira como vemos o mundo, em termos de percepção, compreensão e interpretação.

Com respeito ao Brasil, desenvolvemos um paradigma da produtividade!

Acreditamos que o problema do Brasil está na baixa produtividade – essa é a explicação adotada para baixo desenvolvimento e crescimento. Não podemos desprezar essa explicação, mas precisamos confrontá-la com novos elementos.

Nessa ótica, desse paradigma da produtividade brasileira, acreditamos que basta ser mais produtivo e teremos o sucesso almejado. Mas suponhamos que apliquemos o máximo de produtividade em setores e indústrias já maduras, ou até mesmo em declínio no mundo; qual será nossa frustração depois de um tempo sermos mais produtivos em algo que já atingiu seu limite. Nosso ganho de produtividade será no jargão econômico “marginal”, que não agrega realmente muito. Ou ainda ser produtivo em um setor ou em uma indústria em declínio e até em extinção.

Aplicar o máximo de empenho, esforço, diligência e velocidade em algo errado somente nos levará mais rápido à frustração, ao lugar errado.

Fazemos nossas interpretações a partir das nossas experiencias e métricas que somos levados a interpretar e a usar; raramente questionamos sobre onde estamos aplicando essas métricas e apenas assumimos que devemos agir dessa forma em toda a cadeia industrial produtiva. Inclusive, somos vistos como incoerentes se não adotamos essa postura, essa visão.

Temos uma economia grande e respeitável no Brasil. Entretanto, como sempre citado e visto, se tomarmos as 10, 20 ou mesmo 30 maiores empresas brasileiras, notamos que na sua maioria está em setores e indústrias maduras oferecendo pouca oportunidade de inovação e crescimento. Enquanto isso, em algumas outras economias comparáveis, temos as maiores empresas em setores de grande inovação e promovendo um crescimento e geração de riqueza com produtos e serviços extraordinários.

Há um grande esforço na discussão e no empenho da melhoria da produtividade, mas será que todo esse empenho, esforço, não poderia ser direcionado para inovação e crescimento de novos setores e indústrias na economia? Melhorar a produtividade em um setor maduro e até mesmo em declínio é como subir mais rápido a escada errada que apenas nos levará mais rápido à frustração!

Produtos e serviços de tecnologia estão dominando a atratividade de recursos no mundo. Produtos e serviços relacionados com ESG também estão atraindo recursos continuamente.

Há muito mais riqueza de recursos e pessoas sendo destinados a essas novas áreas em várias partes do mundo. Não podemos deixar a produtividade descuidada, mas novos recursos e pessoas seriam muito mais interessantes se direcionados para esses novos setores.


Jarib B D Fogaça| Desafio, Produtividade, Economia, Indústrias, Áreas-Tecnológicas, Desenvolvimento

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