Agosto tem recorde de pedido para abertura de empresas

Agosto tem recorde de pedido para abertura de empresas

Prefeitura atribui resultado ao novo Plano Diretor e à digitalização dos processos.

Campinas tem experimentado um crescente interesse por parte de empreendedores que desejam estabelecer novos empreendimentos na cidade. De acordo com dados da Secretaria de Urbanismo (Semurb), o município registrou um recorde no número de solicitações de análises de viabilidade no mês de agosto - este é o primeiro passo no processo burocrático para a abertura de um negócio físico.

No mês de agosto, foram contabilizados 5.274 registros, resultando em uma aprovação positiva para 3.917 novos empreendimentos que terão a oportunidade de se instalar em diferentes áreas da cidade. Esse número superou os 4,9 mil processos analisados no mesmo período de 2022, o que representa um aumento de 5,84% na comparação, enquanto no ano anterior foram registradas 3,9 mil novas empresas.

Além disso, o número de registros de janeiro a agosto de 2023 também superou o mesmo período do ano anterior, totalizando 34,9 mil no ano atual em comparação com 33,6 mil no ano passado. Se compararmos os oito primeiros meses deste ano com os 12 meses do ano passado, as solicitações já representam 72,63% do total, considerando que em todo o ano anterior foram registradas 48.134 solicitações.

Esse aumento, segundo a Semurb, está diretamente relacionado com a simplificação e a digitalização dos procedimentos para a abertura de empresas, bem como com as mudanças no Plano Diretor, que têm contribuído tanto direta quanto indiretamente para a instalação de empresas em locais onde anteriormente isso não era permitido.

O arquiteto e urbanista Fábio Muzetti, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, destaca que é fundamental que o poder público atue como facilitador no processo de abertura de empresas, especialmente considerando o contexto da região, que já é atrativo devido à presença de universidades, empresas de tecnologia e fácil acesso a diversas regiões do Estado. Ele ressalta que ter um ambiente favorável aos negócios, onde a burocracia representa menos obstáculos, é de grande ajuda. Em um país como o Brasil, onde a complexidade é comum, a redução de problemas é um fator positivo. Campinas, nesse sentido, tem demonstrado ser um facilitador, o que contribui para o crescimento empresarial, especialmente quando analisado sob a perspectiva urbanística.

A avaliação de especialistas é que essa facilitação, combinada com uma melhora no cenário econômico do país, está incentivando empresários a escolherem a cidade como seu local de negócios. Segundo o economista José Augusto Gaspar Ruas, das Faculdades de Campinas (Facamp), no que se refere à economia, o cenário deve permanecer positivo pelo menos até o final do ano.

"Este ano, registramos duas taxas de crescimento trimestrais significativamente acima das previsões do mercado. Se, no início do ano, estávamos projetando um crescimento de 1%, agora estamos falando em 3%, que é o mínimo. Campinas possui uma economia forte no setor de serviços e um potencial de consumo considerável nesse segmento. Portanto, sob o ponto de vista econômico, há um potencial de crescimento substancial."

Essa perspectiva positiva também é compartilhada pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). A entidade divulgou que mais de 3 mil novas empresas foram registradas na cidade, o que comprova o interesse dos empresários. A ACIC ressalta que programas destinados a reduzir a inadimplência, como o Desenrola, lançado pelo governo federal, têm aumentado a confiança dos empresários, uma vez que a redução da inadimplência pode resultar em um aumento das compras a prazo.

Os dados da Semurb indicam que, dentre as solicitações registradas em agosto, os setores de serviços e comércio se destacaram, superando as indústrias.

Fábio de Lima, um professor de tecnologia da informação de 45 anos, tomou a decisão de inaugurar uma loja de joias em aço em Campinas durante a primeira quinzena de agosto. Sua escolha levou em consideração a maior facilidade de iniciar um negócio na cidade, as características atrativas para o público e um cenário econômico em ascensão.

"Durante a pandemia, consegui juntar algum capital devido ao aumento na demanda por serviços de tecnologia da informação. Com esse capital, comecei a ponderar a ideia de ter meu próprio negócio e descobri o segmento de joias. Realizamos uma pesquisa de mercado e notamos que não havia nenhuma loja em Campinas com o tipo de joias em aço 16 L que oferecemos, um material superior ao aço cirúrgico e mais competitivo. Além disso, consideramos que a região é muito atrativa, então vimos isso como uma oportunidade", explicou Lima.

De acordo com o empresário, o primeiro mês já apresentou um volume de vendas acima do esperado, dadas as circunstâncias iniciais. Ele agora aguarda para ver como serão os próximos meses, mas já está considerando a possibilidade de abrir outra unidade também em Campinas.

"Se o cenário continuar positivo, planejo expandir com pelo menos mais uma unidade, ainda aqui em Campinas. Isso se deve à combinação da facilidade de fazer negócios na cidade e à quantidade de pessoas que vêm para Campinas de várias cidades da região", acrescentou.

Além disso, as solicitações em agosto de 2023 superaram o número registrado no mês anterior, julho, quando houve 4,5 mil processos.

Gisele de Oliveira, empresária que se mudou da capital para abrir um negócio de apoio escolar em Campinas, compartilhou sua experiência positiva durante o processo de obtenção das licenças.

"Eu vim de São Paulo para Campinas e não encontrei problemas nem contratempos com a documentação; pelo contrário, todo o processo foi rápido para obter as licenças da cidade. A cidade é atrativa porque, apesar de não ser tão densamente povoada quanto a capital, ainda é uma cidade grande, com recursos suficientes e um mercado para o meu segmento. Não tenho do que reclamar; estou muito satisfeita com o que consegui até agora, empregando pessoas e matriculando 22 alunos em apenas 24 meses", concluiu Gisele.

 

MUDANÇAS

A secretária de Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho, atribuiu o aumento significativo ao processo de revisão da Lei do Plano Diretor, que foi realizado em 2018. Baracat também enfatizou os benefícios da digitalização dos procedimentos, que agiliza a análise de documentação enviada pelos empreendedores.

"A revisão na lei de zoneamento possibilitou a entrada de comércios e serviços em bairros que anteriormente não tinham essa permissão, o que naturalmente despertou o interesse de empresários em áreas específicas. Além disso, observamos a entrada de empreendimentos imobiliários, um setor aquecido que, ao aumentar a população em certos bairros, demanda a criação de mais empresas, como padarias, supermercados e farmácias, entre outros serviços", explicou.

"A digitalização beneficia tanto os empreendedores quanto a Prefeitura, eliminando a acumulação de papelada na Semurb e, assim, acelerando o processo. Essa é uma tendência que estamos buscando expandir ainda mais, tornando o processo empreendedor na cidade cada vez mais acessível. Isso não apenas gera receita, mas também promove o desenvolvimento econômico e o crescimento da cidade", acrescentou Baracat.


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