Desemprego: falta de dados é entrave para políticas públicas na região

Desemprego: falta de dados é entrave para políticas públicas na região

Municípios não têm informações oficiais sobre número de desempregados.

A inexistência de uma base de dados específica sobre o desemprego nas cidades, além do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que registra apenas a geração de empregos, tem sido um desafio para municípios como Americana. Isso porque a falta de uma análise precisa da taxa de desemprego local dificulta a avaliação de sua evolução ao longo do tempo.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Americana, Rafael de Barros, afirma que o único dado oficial disponível é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), porém, está desatualizado e não há previsão para a divulgação de um novo relatório. De acordo com ele, a carência de informações sobre o desemprego prejudica a formulação de políticas públicas eficazes para lidar com o problema.

Para o secretário, o número de vagas disponíveis no PAT (Posto de Atendimento do Trabalhador) é um indicativo do nível de desemprego na cidade. Segundo ele, são oferecidas mais de 300 vagas de emprego semanalmente no PAT, e muitas delas ficam sem preenchimento devido à escassez de candidatos.

Outro dado relevante, afirma, é o estoque de empregos fornecido pelo Caged, que em Americana chega a 75.155, superando até mesmo municípios mais populosos como Sumaré, que tem 60.975 empregados.

Eliane Rosandiski, economista e pesquisadora da PUC Campinas, ressalta a importância de dados atualizados para a formulação de políticas públicas. De acordo com ela, com o último Censo Demográfico realizado em 2010 – antes do mais recente, de 2022 – há uma defasagem significativa de informações que dificulta a compreensão da estrutura produtiva e dos fluxos migratórios, impactando diretamente na gestão do desemprego e de outras demandas.

“Um exemplo foi na pandemia. Vários municípios ficaram com doses erradas de vacinas, alguns com mais e outros com menos. Ou seja, impossível mensurar a população alvo das políticas públicas”, comentou.

Eliane destaca ainda que embora o Caged forneça uma visão do trabalho formal, não oferece detalhes sobre o destino dos trabalhadores desligados, seja por aposentadoria, autonomia ou busca de outro emprego. Esta lacuna dificulta a compreensão completa do cenário do desemprego.

Na ausência de dados oficiais, a ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas) é uma das poucas entidades que estimam o índice de desemprego por município. Segundo os cálculos feitos pela entidade, o índice de desemprego em Americana, em dezembro, era de 7,32%, correspondendo a aproximadamente 12.748 pessoas em busca de emprego.

Para chegar no percentual, a associação afirma que o departamento econômico faz um cálculo mediante um estudo da população economicamente ativa e uma projeção do desemprego.

O LIBERAL procurou os ministérios de Economia e do Trabalho para questionar sobre a possível adoção de outro método para calcular o desemprego. O Ministério da Economia não se manifestou e o Ministério do Trabalho disse que não tinha essa informação e sugeriu questionar o IBGE. O instituto, por sua vez, afirmou apenas que divulga trimestralmente os índices de desemprego das capitais. 


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