- , 02 de Janeiro de 2025
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Mercado paulista continua atrativo para o franchising
Puxadas pelo agro, cidades como Goiânia aparecem no topo do ranking de alta no faturamento do setor, diz a ABF. Porém, São Paulo ainda é a vitrine estratégica para alavancar expansão das redes - caso do Café Cultura, de Luciana Melo (na foto), que prevê abrir 10 lojas na Capital paulista e no Interior do Estado até março
Estudo recém-divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) aponta que uma cidade do Centro-Oeste puxada pelo agro - Goiânia (GO) - ocupa o topo do ranking das 30 maiores cidades do Brasil em que o faturamento do setor de franquias mais cresceu no primeiro semestre de 2024. A alta foi de 25,59% ante 2023 (R$ 1,745 bilhões).
O feito, inédito, não tira o apelo do mercado paulista, que representa 26% do mercado de franchising brasileiro e continua firme. E atraindo marcas de diferentes segmentos que fazem o caminho oposto, como a goiana PopCorn Gourmet, a Café Cultura e a 5àSec. Puxadas não só pela renda maior, mas por ser um hub que dita tendências e gera alta visibilidade às marcas, todas enumeram inaugurações recentes e continuam a pôr em prática planos de expansão pelo Estado.
"Mesmo com cidades com alto percentual de crescimento (à frente no ranking), São Paulo continua sendo, acertadamente, a base para quem mira planos de expansão", diz Eduardo Santinoni, diretor-adjunto de expansão para o Centro-Oeste da ABF. "Como a Peça Rara, que nasceu em Brasília mas tem planos de crescimento bem agressivos no Estado", completa.
O estudo da ABF dá uma ideia disso: das 30 cidades analisadas, 11 estão no mercado paulista, como Barueri, em 4º (20,85%), São José do Rio Preto em 8º (18,27%), Sorocaba em 12º (17,27%), Ribeirão Preto em 13º (16,98%), São José dos Campos em 16º (15,56%), São Bernardo do Campo em 17º (15,16%), Guarulhos em 18º (14,83%), Jundiaí em 20º (14,62%), São Paulo em 25º (13,67%), Campinas em 27º (13,16%) e Santo André em 30º (7,02%).
Só na Capital paulista o franchising faturou mais de R$ 13 bilhões no período analisado pelo estudo. Somadas, as 11 cidades do ranking ultrapassaram R$ 22,7 bilhões em faturamento, enquanto as outras 19, juntas, faturaram R$ 29,6 bi.
A solidez do agro, acompanhada pelo varejo até no Norte do país, segundo Santinoni, continua a impulsionar a interiorização em São Paulo. O movimento nem é tão novo assim, mas nos últimos dois anos passou a avançar para microcidades de até 55 mil habitantes, como as que estão na mira da 5àSec.
O desafio agora, diz o diretor da ABF, é que as redes tragam modelos capazes de se adaptar à realidade de cidades de menor porte - principalmente naquele que ainda é o maior mercado para as marcas. "Seja criando modelos para franquias de serviços, ou para vendas mais pontuais, a ideia é ajudar o franchising a ser mais acessível e alcançar mais capilaridade ao 'abraçar' cidades tão pequenas também em São Paulo", sinaliza. A seguir, veja quem continua a apostar neste mercado:
ESTOURANDO QUE NEM PIPOCA
Original da cidade que lidera o ranking de faturamento, a rede de pipocas especiais PopCorn Gourmet, nascida em 2015 pelas mãos da chef Elaine Moura, tem um plano agressivo de expansão pelo estado de São Paulo desde seu início.
Com mais de 60 unidades espalhadas pelo Brasil, a primeira unidade da rede foi aberta justamente em Ribeirão Preto, em 2016. Só neste ano de 2024, a marca inaugurou oito lojas por aqui: nos shoppings Pátio Higienópolis, Top Center (Av.Paulista), Aricanduva, Metrô Tatuapé, Frei Caneca, no complexo de torres da Brookfield (Morumbi) e no Aeroporto de Guarulhos. A mais recente, no shopping União de Osasco, foi inaugurada no último dia 1º de dezembro.
A projeção para 2025 é inaugurar 40 lojas no Estado, segundo Elaine, que diz que, se Goiânia se destaca em faturamento e unidades franqueadas, São Paulo continua sendo uma vitrine estratégica para a PopCorn. E não só pelo tamanho do mercado ou poder econômico, mas pela diversidade cultural, que amplia as possibilidades de criar conexões com públicos distintos.
"São Paulo dita tendências, concentra eventos de grande porte e oferece visibilidade que impulsiona nossa marca para o Brasil e o mundo. É a cidade onde podemos experimentar novos modelos de negócio e ampliar nosso alcance", afirma a CEO, que em breve deve levar as pipocas de chocolate belga, caramelo de flor de sal, lemon pepper e outros sabores aos Estados Unidos.
PARA (E)COAR A CULTURA DO CAFÉ ESPECIAL
A rede catarinense Café Cultura, que comercializa mais de 5 milhões de xícaras por ano, foi criada pela CEO Luciana Melo, com o marido californiano Josh Stevens, para "(e)coar a cultura da apreciação do café especial e da boa gastronomia".
Após 20 anos de atividades, sendo 14 no franchising, a rede, que tem 35 unidades espalhadas pelo Sul e cinco na capital carioca, finalmente amplia sua expansão por São Paulo, onde tem três unidades - em Moema (Zona Sul da Capital paulista), e duas nos shoppings Piracicaba e Parque Dom Pedro, em Campinas. Agora, prevê abrir 10 lojas até março de 2025.
Segundo Luciana, além de coincidir com o bom momento vivido pelas cafeterias e a ascensão da cultura do café, a rede enxerga o estado de São Paulo, onde cinco das novas unidades devem ser abertas no Interior, como uma ponte para chegar a outras localidades brasileiras. "Estamos com um plano de expansão bem consolidado e entendemos que o estado de São Paulo é uma espécie de hub que nos ajudará a chegar a outras regiões, como Minas Gerais e Espírito Santo."
O boom do agronegócio, que continua a incluir o Interior paulista, também é um dos motivadores. "O agro estende seus reflexos ao comércio e aos serviços e, ao expandir para outras cidades do Interior de São Paulo, buscaremos conciliar as que tenham um ponto focal nesse setor, como para chegar às localidades já citadas."
À frente das duas operações de Sorocaba e Campinas está o casal de franqueados multiunidade Carolyne Albertini Gradim Gava e Rafael Gava, que conheceram o Café Cultura de Canela (RS), e depois o do Shopping RioSul (RJ). Interessados em empreender, descobriram que a rede tinha planos de expansão para o estado de São Paulo e foram adiante.
"Desde o princípio apresentamos um desejo à franqueadora: ser multifranqueados. Além das duas, pretendemos abrir outras unidades até o fim de 2025. Queremos aumentar nosso raio de atuação explorando o Interior do estado”, diz Carolyne.
NO FOCO DAS LAVANDERIAS INTELIGENTES
Pelo menos 27 cidades paulistas estão no foco da rede francesa de 'lavanderias inteligentes' 5àSec, especializada no tratamento de roupas e artigos têxteis com equipamentos e produtos de alta tecnologia. Com mais de 550 pontos de venda no Brasil, a marca, que já tem quase metade das operações em São Paulo (250), prevê abrir 40 unidades das marcas 5àSec e LavPop em cidades interioranas, litorâneas e da Região Metropolitana para expandir a capilaridade na região.
Segundo Alex Quezada, vice-presidente de novos negócios e expansão do grupo, modelos de negócio com formato mais enxuto (Express), que também oferecem os principais serviços da rede, compõem o plano de chegar a cidades menores.
"O Estado paulista possui municípios com grande potencial econômico. Dessa forma, enxergamos oportunidades de expansão na região, ampliando a rede em algumas cidades e abrindo a primeira operação em outras", explica.
Algumas cidades escolhidas para o crescimento da marca com o modelo de lavanderia especializada, também puxadas pelo agronegócio ou o turismo, são as cidades de São Carlos, Araraquara, Marília, Jacareí, Suzano, Santa Bárbara D´Oeste, Hortolândia, Mogi Guaçu e Araras, localizadas no interior de São Paulo.
Já para os formatos enxutos as oportunidades são mais amplas e estão disponíveis em todo o estado de São Paulo - como o modelo destinado a cidades com menos de 150 mil habitantes, o 5àSec Autosserviço, autônomo e ideal para quem quer ter seu próprio negócio, em conjunto com sua profissão, diz Quezada. "Ou para os que estão em busca do primeiro negócio."
As franquias da marca também avançam para as microcidades, já que com a nova LavPop será possível ingressar em pequenos municípios de até 55 mil habitantes. "Com os dois formatos, conseguimos adentrar em diferentes perfis de cidades, atrair investidores de todos os tipos e atender diferentes perfis de público."
Os investimentos variam entre R$ 165 mil e R$ 490 mil, dependendo do modelo escolhido, para franqueados com perfil de liderança, experiência em gestão e capital inicial próprio. Até junho de 2025, a empresa afirma que contará com mais de 80 inaugurações das duas marcas em diferentes regiões do Brasil.
IMAGEM DE ABERTURA: Café Cultura/divulgação
Fonte: Diário do Comércio