- , 27 de Março de 2024
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Pesquisa revela grande discrepância de preços em produtos de Páscoa
Maior variação foi encontrada em uma barra de chocolate cujo preço oscilou mais de 140%
O Procon Campinas realizou uma pesquisa para avaliar os valores de produtos relacionados à Páscoa em oito estabelecimentos da cidade e encontrou variações exorbitantes nos preços do mesmo tipo de produto. A maior discrepância foi identificada na barra de chocolate "Special Dark 73% Cacau", de 85 gramas, que apresentou variação de 140,28%, com o preço mais baixo sendo R$ 4,99 e o mais alto R$ 11,99. Na sequência, vieram os chocolates e tabletes de 80 gramas, com variação de 66,81%.
Ao todo, o Procon Campinas pesquisou 111 itens entre os tabletes e barras de chocolates, colombas pascais, caixas de bombons e ovos de diversas marcas. A atenção com os preços e suas variações acontece devido ao aumento na venda de diversas guloseimas tradicionais da Páscoa, algo que é celebrado pelo comércio, mas, por outro lado, que também propicia diversos casos de diferenças abusivas de preços para um mesmo produto entre vários estabelecimentos.
O levantamento foi feito entre 12 e 20 de março e divulgado na sexta-feira, dia 22. Em relação aos ovos de chocolate, a maior disparidade encontrada foi de 53,93% no Chokko Crocante de 120 gramas. As colombas pascais, que também são bastante consumidas neste período, apresentaram uma distinção menor, de 9,29%. Ainda de acordo com o apontado no levantamento, foram mantidos somente os preços de produtos comercializados em, no mínimo, três estabelecimentos visitados.
POPULAÇÃO ATENTA
A auxiliar de limpeza Rose Gregório, que comprava ovos de Páscoa para a neta de seu marido em um comércio do Centro de Campinas, explicou à reportagem que o produto que ela compraria por R$ 50 no estabelecimento em que estava, foi encontrado anteriormente por R$ 67 em outra unidade da mesma rede.
A aposentada Jussara Cremasco Sarruge, por sua vez, disse que notou a discrepância de valores. "A diferença é grande, então eu procuro pelo melhor atendimento. Mas a gente nota isso (valores distintos para produtos iguais) de um lugar para o outro. Às vezes é uma promoção, mas às vezes não."
O Procon Campinas ressalta, inclusive, que os preços coletados pela pesquisa podem ter sofrido variações em razão de promoções, assim como pelo período em que os dados foram captados. O objetivo do levantamento, portanto, é ser um facilitador para que o consumidor tenha um parâmetro de quanto o preço de um produto pode variar no mercado.
De acordo com a diretora do órgão, Yara Pupo, o intuito é também oferecer uma referência ao consumidor por meio dos preços médios obtidos. "A pesquisa de preços auxilia os consumidores na hora de fazer as suas compras ao trazer uma média de preço para os principais produtos comprados neste período. Por isso, é importante pesquisar antes de ir às compras para conseguir empregar melhor o orçamento que a família tem para gastar com itens da Páscoa", recomenda.
A pesquisa também apontou os menores preços encontrados no mercado e o preço médio dos produtos, dados que devem ser utilizados pelo consumidor como uma referência no momento da compra. Com o preço médio, é possível verificar se determinado item está com o valor acima ou abaixo dos praticados e se um estabelecimento está oferecendo ou não algum tipo de desconto.
PUNIÇÃO?
O advogado e presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas, Ricardo Chiminazzo, explica que, a rigor, nada pode ser feito contra os estabelecimentos que cobram mais por um mesmo produto, uma vez que cada comércio pode praticar o valor que quiser. Ele continua dizendo que “cabe ao consumidor fazer a pesquisa e prestigiar o comerciante que faz a venda mais barata. Então, a pena para quem vende mais caro é, com o tempo, perder clientes”.
Ele completa lembrando que o próprio Procon fez a pesquisa, mas não puniu aqueles lojistas que cobraram mais por seus produtos exatamente por este poderem impor o valor que quiserem àquilo que vendem.
“Se for o caso de o preço de um ovo de páscoa, por exemplo, aumentar e o peso líquido diminuir, aí alguns órgãos de defesa do consumidor, em nível estadual ou federal, ou o próprio Ministério Público, podem realizar uma investigação no sentido de descobrir a razão do fato. Mas no caso do comerciante que vende seu produto com um valor 140% maior em relação a outro, a sua punição, em tese, será a de que o consumidor atento não irá mais comprar com ele”, finaliza Chiminazzo.
INFORMATIVO
Além da pesquisa, o Procon Campinas também publicou um informativo de Páscoa com algumas orientações para os consumidores, como a necessidade de comparar preços e de avaliar o orçamento e possíveis custos adicionais com deslocamento.
O material destaca ainda a importância de todos estarem atentos às informações apresentadas nos rótulos, especialmente se contêm identificação do fabricante, data de fabricação e validade, peso, composição, informação de risco à saúde e segurança do consumidor.
A diretora do Procon Campinas lembra ainda que no caso de ovos de chocolate contendo brinquedos no interior é preciso ter informações sobre a faixa etária da criança e o selo de certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Tanto a pesquisa completa, quanto o informativo, estão disponíveis à população no site procon.campinas.sp.gov.br/pesquisa-e-informativo-p-scoa-0.
Caso você alguém se sinta prejudicado em quaisquer relações de consumo, basta entrar em contato com o Procon. É possível contatar o órgão pelo telefone 151, pelo site procon.campinas.sp.gov.br ou em um dos diversos postos de atendimento localizados em vários locais de Campinas. A lista completa está disponível em procon.campinas.sp.gov.br/atendimento.
EXPECTATIVA DE VENDAS
De acordo com a Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), a Páscoa está prestes a impulsionar as vendas na Região Metropolitana de Campinas (RMC) em 6,2%. A expectativa é que a movimentação financeira relacionada à data atinja a cifra de R$338,2 milhões até o dia 31 de março, data oficial da comemoração, superando os R$318,5 milhões registrados em 2023.
No âmbito exclusivo de Campinas, estima-se que o incremento na economia do município será de R$160,6 milhões, representando um aumento de 6% em relação ao ano anterior, quando alcançou R$151,5 milhões.