Queda no movimento faz lojistas implantarem sistema de vigilância

Queda no movimento faz lojistas implantarem sistema de vigilância

Após detectarem redução na circulação diária de clientes, empresários locais lançaram o projeto Segurança Colaborativa, para inibir roubos e furtos na região.

Para tentar reverter a queda de 30% no movimento diário da região, detectada desde julho, os lojistas das ruas da região da 25 de Março se uniram à startup CoSecurity para implementar o projeto Segurança Colaborativa. O objetivo é reforçar o combate à criminalidade local, que tem afastado clientes. 

Cerca de 80 câmeras inteligentes foram instaladas em 45 pontos estratégicos, distribuídos pelas vias de maior movimento, para fornecer imagens de diversos ângulos em tempo real ao poder público, já que são integradas aos projetos Smart Sampa, da Prefeitura de São Paulo, e Muralha Paulista, do Governo do Estado de São Paulo. 

A iniciativa, segundo Cláudia Urias, diretora-executiva da Univinco (Associação dos Lojistas da 25 de Março de), surgiu por sugestão dos associados ao observarem perda significativa de público consumidor, que parou de ir até o polo comercial por receio de roubos ou furtos. 

Até então, cerca de 1 milhão de consumidores circulavam todos os dias pela região, diz. Hoje, esse número varia entre 700 mil e 800 mil, mesmo com indicadores como emprego e renda favoráveis. "Só sábado continua bom. Na semana, tínhamos o público de fora de São Paulo, mas muitos deixaram de vir por causa do medo relacionado às questões de segurança", conta. 

Diante desse cenário, a entidade decidiu procurar empresas de monitoramento colaborativo para criar uma solução que visa não apenas garantir mais tranquilidade aos frequentadores da área, mas também colaborar ativamente com as autoridades no combate à criminalidade.

O investimento para implementar o sistema foi de R$ 50 mil. A expectativa de Cláudia é que o público retorne já para as festas de fim de ano, a melhor data em vendas para a região da 25 de Março, considerado o maior centro comercial a céu aberto do país. 

Implantado em parceria com a startup CoSecurity, o projeto Segurança Colaborativa envolve cerca de 80 câmeras inteligentes instaladas em 45 pontos estratégicos da região da 25

 

O projeto de Segurança Colaborativa também viabiliza uma "parceria eficaz" com autoridades de segurança pública, segundo a diretora: atualmente, já existe apoio da Polícia Militar, com a atividade delegada, e as câmeras vão complementar essa parceria. 

"Nossa proposta é deixar a região da 25 bastante segura para as pessoas fazerem compras com tranquilidade”, diz Cláudia. "Dessa forma, as demandas da região serão atendidas de maneira mais ágil e eficaz, contribuindo para a prevenção e inibição de atividades criminosas."

Mesmo sem citar números, a diretora conta que, segundo o comando de segurança da região, capitão Ricardo Camilo, da 3ª Companhia do 7º Batalhão da PM, com o monitoramento que já existe os índices de criminalidade reduziram. "Porém, nosso público é de fora da Capital, não registra Boletim de Ocorrência. E é nesse ponto que poderemos ajudar com informações mais precisas."

Com 16 ruas e mais de 3,8 mil lojas, a região da 25 de Março recebe 500 mil visitantes por dia nos meses que antecedem o Natal, chegando a um milhão de pessoas na semana da festividade.

COMO FUNCIONA 

Em julho, a Prefeitura de São Paulo inaugurou o Centro de Comando do Projeto Smart Sampa, que integra dados públicos com câmeras que permitem o reconhecimento facial. Foram instaladas cerca de 14 mil câmeras nas ruas da cidade, com previsão de chegar a 20 mil até o fim deste ano. Mas a ideia é dobrar esse número no longo prazo com a participação de câmeras privadas, conquistando 20 mil pontos de captura por meio de convênio que permite que condomínios e empresas forneçam imagens de suas câmeras de segurança à central do Smart Sampa.

Parceira do projeto, a estratégia de Segurança Colaborativa vai além do registro de imagens, diz a Univinco: trata-se de um sistema integrado que reúne múltiplos pontos de monitoramento e diversas funcionalidades em uma única central gestora (Central de Providências). Essa Central é particular, e dedicada exclusivamente à região da 25 de Março. As informações são compartilhadas com a base de apoio da atividade delegada, que fica na rua Lucrécia Leme. 

Assim, a 25 de Março passa a fazer parte de uma rede de mais de 6 mil câmeras implantadas na região, beneficiando-se da infraestrutura do Smart Sampa, disseminada por toda a cidade. 

Segundo Luciano Caruso, sócio-fundador da startup CoSecurity, um infrator leva menos de 15 minutos para sair da região central e chegar na Zona Oeste, por exemplo. "A vantagem de participar de uma rede colaborativa está justamente no mapeamento das rotas de fuga, pois eles sempre atuam com alta mobilidade”, explica.

Já Chen Gilad, CEO da empresa, explica a importância da captura das imagens. "É muito importante obter os registros de imagens, se possível de diferentes ângulos, porque isso contribui para a materialidade da prova. E também para manter reincidentes presos”, afirma. 

O projeto de segurança teve consultoria de Inbal Blanc, especialista em segurança pessoal e patrimonial, cuja formação foi na tropa de elite do exército de Israel. Com isso, a 25 de Março torna-se o primeiro polo comercial a implementar esse modelo de vigilância urbana. 

Relembrando os fatos que levaram ao projeto de Segurança Colaborativa na 25 de Março, Cláudia Urias, da Univinco, cita as informações negativas sobre o Centro relacionadas à Cracolândia que circularam no primeiro semestre de 2024 - como assaltos e arrastões a lojistas na Santa Ifigênia. Mesmo que a 25 nunca tenha passado por problemas semelhantes, "todo mundo sentiu", diz. "Acabou refletindo aqui, pois o pessoal ficou com medo de vir."  

Os reflexos vieram depois. Em junho e julho, meses em que a procura por itens de Festa Junina sempre aumenta, lembra, os lojistas registraram quedas significativas de público.

Depois, quando começou a procura por itens para o Natal, no segundo semestre, melhorou um pouco, mas ainda não chegou ao topo do que a região recebia antigamente, afirma Cláudia. "O pessoal manda e-mail, pergunta se é seguro vir, pois tem medo, e diz que prefere comprar on-line. Mas o presencial aqui na 25 é fundamental, principalmente para quem compra no atacado. Por isso o projeto é uma das principais iniciativas para trazer o público de volta."

 

IMAGENS: Univinco/divulgação

FONTE: dcomercio.com.br


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